segunda-feira, 11 de julho de 2011

Solo ou substrato? O caso da condutividade elétrica

O cultivo protegido de hortaliças, inclusive de tomate cereja, em solos apresenta uma série de especificidades que o diferenciam muito do cultivo em campo aberto. Uma das principais diferenças é que em cultivo protegido há pouca ou nenhuma entrada de água de chuva. A água que entra no sistema provém quase que unicamente da irrigação, que muitas vezes é feita via irrigação localizada, como gotejamento, por exemplo. Como as doses de adubo são normalmente altas, há uma tendência de acúmulo de sais em superfície, aumentando a condutividade elétrica da solução do solo. Na verdade, independentemente das condições de solo e clima, a salinização de solos sob cultivo protegido é quase inevitável. Além dos problemas de toxidez, o excesso de salinidade pode trazer problemas físicos, biológicos e nutricionais. 

A correção destes problemas é difícil e cara. Em geral, para se corrigir o excesso de nutrientes em solos cultivados sob ambiente protegido, são necessárias lâminas de irrigação em excesso, com água de boa qualidade, para que os nutrientes sejam lavados e levados para longe do sistema radicular, processo que chamamos de lixiviação. Para que essa técnica seja realmente eficiente, a irrigação em excesso deveria estar associada a um sistema de drenagem. Muitas vezes não há disponibilidade de água em quantidade nem qualidade suficiente para que isto possa ser feito. Mesmo que possa ser feito, não se garante que o problema não venha a se repetir posteriormente. Além disso, cria-se o problema de disposição deste resíduo salino, caso não haja um sistema que permita o reuso da água.

A condutividade elétrica da solução do solo é geralmente mais alta do que a condutividade elétrica da água de irrigação, tendo em vista a dificuldade em se lixiviar os nutrientes no solo, devido à tortuosidade e à estreiteza dos poros do solo. Por outro lado, a maior parte dos substratos utilizados no cultivo sem solo permite uma rápida lixiviação, permitindo um melhor controle da condutividade elétrica da solução nutritiva. Assim, a condutividade elétrica da zona das raízes no cultivo em substrato pode ser mais baixa e facilmente controlável do que no solo, sob condições de irrigação semelhantes, diminuindo muito o risco por problemas de salinização.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Tópicos em manejo de nitrogênio em cultivo protegido I

É comum recomendar-se cuidado na adubação nitrogenada no cultivo protegido, seja em fertirrigação, seja em hidroponia ou mesmo em solo, para se evitar excessos que favoreçam o crescimento vegetativo (excesso de folhagem) em detrimento do crescimento reprodutivo (produção propriamente). Mas nem toda forma de nitrogênio "agirá" igualmente.

As plantas podem absorver nitrogênio em duas formas iônicas: amônio (NH4+, cátion) e nitrato (NO3-, ânion). O amônio, presente por exemplo no MAP e no sulfato de amônio, encontra-se já em uma forma quimicamente reduzida, de forma que uma vez absorvido, pode ser imediatamente usado na síntese de aminoácidos e outros compostos orgânicos. A absorção excessiva de amônio pode levar crescimento vegetativo exagerado, principalmente sob condições de baixa luminosidade.

A forma nítrica, por outro lado, deve ser reduzida a amônio antes de ser assimilada, o que retarda o crescimento vegetativo, entre outras coisas por representar um gasto energético para a planta. Assim, em termos de manejo, é recomendado dar preferência ao uso de quantidades maiores de amônio em períodos e locais de alta luminosidade ou quando há deficiência de nitrogênio e uma fonte de rápida disponibilidade é necessária.

Durante o processo de nitrificação (oxidação do amônio), há evidências de que as bactérias oxidadoras de nitrito (uma forma de N intermediária entre amônio e nitrato) sejam mais sensíveis a baixas temperaturas do que as bactérias que oxidam o amônio, havendo o risco de acúmulo de nitrito em temperaturas mais baixas. Como o nitrito é reconhecidamente tóxico para as plantas, a utilização de fontes amoniacais de nitrogênio em climas ou épocas mais frios deve ser feita com cuidado.